O amor é um sentimento lindo, que causa uma sensação maravilhosa, faz a gente se sentir viva, forte e poderosa, além de aumentar a autoestima.
A impressão que dá é que nada nem ninguém atingirá quem está transbordando em amor. Tanto é verdade que esse sentimento é explorado na mitologia, nas novelas, nas músicas, enfim, na arte e literatura em geral.
Mas o que dizer quando o amor acaba para um dos lados? Que dor é essa que a gente sente quando ainda amamos e o outro já não corresponde?
A dor da perda da pessoa amada é uma emoção estranha pois imaginamos que, se amamos, só sentimos prazer. Mas não é bem assim.
Amor e dor andam juntos, de mãos dadas. Um intercalando o outro. Só existe a dor porque existe o amor.
E vivemos assim, sentindo o prazer do amor e o desprazer da dor.
A separação
Na separação há uma dor brutal, cruel, que se pensa não haver cura. A gente chora, se desespera, acha que nunca mais encontrará ninguém em nossa vida.
Mas essa dor é construtiva e nos faz adquirir forças de onde não há nada, a não ser dor. E nos faz crescer. É um processo que leva tempo.
É uma reconstrução desgastante, imersa em lembranças que vem e vão, mas que são necessárias. Nesse momento, nos sentimos humilhados, oprimidos e perdidos. O amor próprio se destrói temporariamente.
A dor do abandono aniquila o Ego e a reconstrução não é tarefa fácil. Se você observar bem, verá que a dor não pertence unicamente ao “luto” pela perda do amado, mas também a todos os sentimentos que uma ruptura traz. Dor de aniquilamento, dor do Ego destruído, dor da humilhação e dor da rejeição.
Ela pode, ainda, trazer, com toda essa dor da separação do “agora”, uma outra dor, que nos remete a tempos passados, vividos na infância.
Podemos citar, como exemplo, o caso muito comum da criança que era deixada na escola e, por isso, chorava. Para ela, era um certo tipo de abandono.
Outro caso é no chamado Complexo de Édipo: a criança quer o amor exclusivo do pai do sexo oposto (no caso do menino, seria a mãe) e sofre a dor da separação (dentre outras), quando descobre que isso não será possível.
Também há o caso do nascimento do irmãozinho e a perda da onipotência. Quando a criança é filha única, ela “reina” em absoluto. Aí nasce o irmãozinho e a criança sente um ciúme, uma perda da atenção exclusiva dos pais, que agora é dividida com o novo habitante da casa. Também, nesse caso, é sentida a dor do abandono.
E tantos outros exemplos de separações vividas ao longo dos anos e que deixam marcas que, se não trabalhadas, juntam-se às aflições do presente, contribuindo para a exacerbação da dor.
O medo de perder também causa uma dor (angústia de separação) muito grande, frente a algo que se imagina que irá acontecer.
Para o inconsciente, o medo de perder equivale à perda em si.
É tudo sentido como se realmente estivesse acontecendo. E isso gera, também, um luto.
Crescendo na dor
O que acontece quando há o rompimento é a destruição da harmonia. Essa dor que se sente é o organismo tentando, em meio a esse trauma, recuperar o equilíbrio.
A dor é uma reação frente ao desamparo causado pela separação.
É colocada toda a energia em um único local: no amado. Esgota-se a energia presente na gente e se investe naquele que não está mais aqui.
Há algum momento em que se pensa mais no amado do que quando ele se vai? Provavelmente, não. E por que isso?
Porque, na nossa fantasia, foi embora um pouco de nós. O outro, na verdade, é uma projeção nossa.
A pessoa amada é um pouco de nós mesmos, porque ela é fantasiada de acordo com nossas aspirações. E quando ela se vai, um pouco da gente vai junto, causando o vazio e a dor.
Mas a dor é estruturante do ser, e provoca seu amadurecimento. Ninguém morre de amor. Nós nos fragilizamos, mas em um momento nós nos fortalecemos e damos a volta por cima, com mais consciência desse sentimento. O amadurecimento é necessário. A consciência da ausência do outro é necessária.
Hora de buscar ajuda
Se está difícil ultrapassar essa barreira do “luto” sozinha, não há motivo para torná-lo um sofrimento eterno. Muitos dos analisandos (pessoa em tratamento pela psicanálise) chegam até nós, psicanalistas, queixando-se do mesmo problema: “meu namorado rompeu o namoro e eu não estou conseguindo superar”.
Existe, ainda, infelizmente, um tabu ao se falar de procurar ajuda profissional para quem sofre desse sintoma.
Mas temos que levar em conta, além de outros milhões de motivos, que todas as pessoas um dia passarão por igual situação. Alguns terão mais facilidade; outros, mais dificuldade em a superar.
O psicanalista está presente, nessa hora, para minimizar essa dor. Para isso, faz com que o analisando a sinta de uma forma mais branda, até que se passe esse sofrimento, que é normal do ser humano.
Mas em momento algum tentará fazer com que desapareça sem que se tire algum proveito desse sentimento, sem que se tire um aprendizado.
A dor de amar e não ser amado, como qualquer dor psíquica, tem que ser vivida, sentida, compreendida e analisada, para que se possa, com sabedoria, elaborá-la.
Do contrário, qual é o sentido de tal emoção, se não for para o engrandecimento psicológico da pessoa?
O papel do psicanalista é tornar essa dor estruturante, fazer com que ela passe em um tempo mais curto e trazendo aprendizado. Conduzir a pessoa, que está entorpecida pelo sofrimento, a enxergá-la de forma a tirar proveito da situação, aprender, e se fortalecer.
Para que, no caso de um futuro rompimento, a pessoa, já mais ciente da dor, trate-a como algo a que estamos sujeitos, que faz parte da construção e não a veja mais como algo que desconstrói, porque essa desconstrução passageira leva a pessoa a um outro nível: o nível da gestão de seus sentimentos.
A antiga frase de nossos avós que “o tempo cura tudo” está certa, mas incompleta. Além do tempo, ela precisa ser verbalizada. Quanto mais se fala, mais a dor vai embora. Essa dor precisa desaparecer. E falar é o meio mais adequado para que se dê um sentido e um significado a ela.
A dor mental deve ser vivida, falada e gasta até seu total aniquilamento. Mas não falada de qualquer forma , para pessoas sem conhecimento em saúde mental, pois isso acarretaria, inclusive, situações desastrosas para alguém que já se encontra tão perdido.
Tem que se haver uma reconstrução do self. E essa tarefa não é fácil. Em análise, a pessoa que está sofrendo tem que se sujeitar a rememorar vários momentos, bons e ruins, vividos com o amado, até o total esgotamento das palavras.
E, assim, tirar dali o conhecimento e aprendizado necessários para uma vida mais tranquila e harmônica.
Tudo passa. A questão é: “você quer que a dor passe gerando traumas ou contribuindo para seu crescimento emocional?”
Se você prefere usar a dor em seu benefício, agende sua consulta e cuide de um de seus bens mais preciosos: sua saúde mental.
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Gostei do cabeçario desse imformativo preciso de ajuda e muito quero saber o restante como funciona um acompanhamento estou seu direçao pra nada minha mulher me deixou preciso de ajuda estou enloquecendo
Olá, José Carlos. O primeiro passo você já deu: admitir que precisa de ajuda. Um bom acompanhamento psicológico ou psicanalítico é muito interessante nos casos em que a pessoa não consegue lidar com a situação sozinha.