É comum pensarmos no perdão como algo místico, ligado à religião ou à filosofia. A boa notícia é que ele agora também está sendo estudado e pesquisado como ciência.
E já há vários estudos que comprovam o poder terapêutico do perdão, inclusive na disciplina Psicologia Positiva, com as virtudes e forças de caráter que foram mapeadas – e constam no inventário de avaliação – pelos psicólogos Martin Seligman e Christopher Peterson, em Harvard.
Trata-se de qualidades humanas que são indispensáveis para uma vida feliz, engajada, positiva, que leva o ser humano ao bem-estar geral e florescimento.
Tem muita gente, acredite, com dores no corpo e na alma e não sabem o por que. E a resposta é simples: Elas não conseguem perdoar. Talvez estejam carregando um fardo emocional há muito tempo enraizado e que está causando um acúmulo de tensão muito grande.
Não conseguem aproveitar o que está acontecendo de bom hoje, no presente, porque estão ruminando o passado.
Elas acreditam que o sofrimento é insuportável e imperdoável.
E como se consegue viver assim?
Surgem as dores de cabeça, dores musculares (costas, pescoço), fibromialgia, hipertensão. Tudo isso pode, sim, estar relacionado com a dificuldade de perdoar.
E para perdoar, uma das coisas que se precisa ter é empatia. Isso mesmo, a capacidade de se colocar no lugar do outro, mesmo que não se concorde com a atitude alheia.
O que se deve analisar? As condições psicológicas do outro – o responsável por ter causado o mal – as emoções dele, o que ele provavelmente presenciou na vida, o ambiente em que cresceu, os traumas e as dificuldades, para saber o que levou o ofensor a cometer tal ato.
Isso não quer dizer que uma pessoa que tenha feito algo de errado não vá ser punido. Não se trata disso. A mudança tem que ser no ofendido, na vítima. A vítima é que deve perdoar, ser empática, ter compaixão e tentar entender a razão do outro. É se libertar do sentimento ruim e investir a libido no que realmente importa. Em si mesmo.
Uma coisa tem que se ter em mente: A lembrança de um sentimento ruim que se carrega está repleta de emoções negativas fazendo com que se reviva a cena constantemente. E esse fato é cíclico. Quanto mais a pessoa remói dores, mais ela se torna instável emocionalmente, fazendo com que ela se agarre cada vez mais no negativo, ficando cada vez mais difícil perdoar.
A vibração, a cor e o tom da raiva têm que diminuir. Não é esquecer. É desligar o fato do afeto. O afeto é o sentimento ligado ao fato. É tirar a energia investida ali e investir em outro lugar, de forma positiva. É deixar o que passou no lugar dele: no passado.
É abandonar esse fardo que se carrega, fazendo ele parar de causar adoecimento.
Claro que se magoar por alguma coisa que alguém tenha feito, é normal. O que não é normal é ficar agarrado nisso, ruminando e curtindo a mágoa eternamente. Tem que deixar doer e depois levá-la para o campo da superação.
As vezes é difícil perdoar sim, porque a lembrança do que ocorreu vem repleta de emoções. E é aí onde entra a técnica do perdão – o poder terapêutico – para se diminuir o tom emocional da raiva.
Perdoar não é impossível, apenas tem que ser desenvolvido.
Perdoar é mais saudável para quem perdoa. Serão menos estresses e menos problemas psicológicos e físicos.
O conceito de perdão mudou muito nos últimos anos, virou estudo científico. Ele deixou de ser algo transcendental para se tornar uma técnica do campo humano. É uma força de caráter e pode ser desenvolvido, mas, claro, exige tempo e elaboração.
E como fazer?
Primeiramente aprender o verdadeiro conceito do perdão. Decidir o que se quer perdoar e sair do lugar de vítima, desenvolvendo a empatia e dando um sentido a dor. Depois, treinando as forças de caráter da Psicologia Positiva, porque o perdão, assim como qualquer outro comportamento e atitude, pode ser treinado até se tornar um hábito.
Ou seja, perdão é uma técnica, um hábito, e enquanto força de caráter pode ser aprendido. E quanto mais se treina, mais o indivíduo se livra das amarras que o levam para baixo e o fazem adoecer.
E o trabalho psicoterapêutico baseado na Teoria do Esquema e na Psicologia Positiva são ferramentas poderosas para trabalhar a desconstrução desse sentimento destrutivo e a construção de algo positivo que aumente o bem-estar e melhore a saúde física, porque é isso que esse novo campo da psicologia faz: aponta e destaca o que existe de bom no indivíduo.
“Agarrar-se à raiva é como apanhar carvão em brasa com a intenção
de jogá-lo em alguém, só você se queima”. Buda
Dicas
de leitura: Florescer (Martin Seligman); O poder terapêutico do perdão (Adriana Santiago); Seja mais feliz (Tal Ben-Shahar)
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