Você já se viu sofrendo por sentir falta de alguém por perto? Já quis muito alguém ao seu lado só para ouvir palavras de carinho, valorização e afeto? Ou até mesmo já sentiu falta de alguém para ir ao cinema com você?
Você saberia dizer se esse sentimento toma uma boa parte do seu tempo?
A carência afetiva é um cenário bastante comum nesse mundo agitado, repleto de distrações, em que as redes sociais são mais valorizadas que o contato humano.
Vive-se a era da globalização, em um mundo líquido (parafraseando Zygmunt Bauman) em que tudo acontece em um piscar de olhos.
E toda essa agitação, movimentação e aceleração do dia-a-dia tornam as pessoas cada vez mais ausentes, favorecendo um sentimento mais presente do que nunca, a carência afetiva.
Mas será, realmente, que se trata somente da fluidez do mundo em que vivemos? ou de fraqueza e dependência emocional? ou há algo mais que está causando essa carência afetiva em que a pessoa não suporta momentos de solidão?
E tem como mudar essa maneira de se perceber nessa angústia e passar a enxergar os demais como pessoas que vieram para interagir com você e não como uma complementação em sua vida?
O drama da carência afetiva
É certo que há pessoas mais carentes que outras. Há as que dizem: “eu me basto” e existem ainda as que não conseguem sair de casa sozinhas, pois precisam sempre estar acompanhadas de outras que as encorajem e as apóiam, como se fossem um suporte.
Mas o fato é que ser carente não é um problema.
Somos todos carentes em certa medida, isso faz parte da vida e é um sentimento normal da condição humana.
O problema se dá quando essa carência passa dos limites, tornando-se doentia, ou seja, uma dependência emocional extrema.
E essa dependência de estar sempre com outra pessoa por perto passa a prejudicar a vida do carente e das pessoas próximas, que se vêem sufocadas diante de tanta cobrança por atenção.
De onde vem a carência afetiva?
Geralmente pessoas que apresentam forte dependência de ligação afetiva tem um histórico de exclusão e rejeição na infância.
São crianças que provavelmente foram negligenciadas e cresceram com um sentimento de aniquilamento e humilhação. Querendo, assim, receber a todo momento os cuidados e afetos que não recebeu em sua infância.
E como consequência da privação de amor e carinho tornam-se adultos inseguros, com baixa autoestima, complexo de inferioridade, ciumentos e que não confiam nos outros.
E por causa dessa falta de confiança, eles tendem a todo momento procurar provas de que são queridos.
Não só crianças rejeitadas ou abandonadas apresentam comportamentos inadequados, o extremo oposto também não é saudável, pois uma criança superprotegida sente-se desvalorizada e incapaz, sempre precisando de outra pessoa que a complete.
E não é só esse problema de abandono ou superproteção que o carente afetivo enfrenta.
Ao longo de sua vida provavelmente irá se deparar com situações que são consequências de tudo o que ele já viveu.
Os carentes afetivos comportam-se de uma forma que atraem para suas vidas pessoas frias, assim como provavelmente foram seus cuidadores na infância.
Isso se chama “compulsão à repetição” para a psicanálise. A pessoa repete, sem perceber, o que ela já viveu e presenciou anteriormente, por achar familiar e seguro.
Ela procura para serem parceiros amorosos pessoas com as mesmas características e comportamentos que ela já conhece, ou seja, de onde ela foi criada. O que é tido para ela como normal.
Do mesmo jeito que ela escolhe seu parceiro amoroso de forma equivocada, repetindo o padrão da infância, ela também escolhe parceiros errados quando age com pressa, no intuito de não ficar sozinha.
E aí vira um círculo vicioso que se repete eternamente sem que ao menos ela se dê conta do que está por trás desse comportamento.
Nesse caso se encaixa perfeitamente o ditado popular: “A pressa é inimiga da perfeição”.
Quanto mais você procura alguém ideal menos você acha, porque no ímpeto de encontrar desesperadamente um companheiro que se encaixe às suas aspirações e de forma quase instantânea a tendência é escolher mal.
E essa má escolha vem da necessidade de você se ver logo acompanhada, não fazendo, assim, uma escolha bem feita. Se entregando ao primeiro que te chame de “fofa”.
Carência Afetiva, Baixa Autoestima e Ciúme Patológico
É muito difícil dissociar carência afetiva da baixa autoestima. Elas andam juntas sempre.
São sentimentos de inferioridade em que a insatisfação pessoal, profissional e financeira está muito presente.
Assim também é o caso do ciúme exagerado. Esse ciúme é uma consequência direta da carência afetiva, principalmente se vivida na infância.
O parceiro que se sente carente tem uma propensão a exigir muita atenção e dedicação do outro, inclusive demonstrando um ciúme além do normal, pelo medo da perda e medo de se sentir só, sem o amparo de alguém.
Esse comportamento é tido como um “tiro no pé”, pois o parceiro do carente se sente sufocado tamanha são as demandas diárias por atenção.
E esse excesso de cobrança desgasta qualquer relacionamento.
O carente afetivo, no entanto, não consegue se controlar. Ele adoece o parceiro e adoece a si mesmo depois de inúmeras requisições de afeto e cuidados.
Como deixar de ser um carente afetivo?
Em primeiro lugar há que se buscar o motivo para esse sentimento de vazio.
Vários motivos podem ser relacionados, mas essa é uma questão bastante subjetiva. Cada pessoa irá apresentar suas queixas.
E uma escuta atenta é de grande importância para se chegar ao real significado de cada acontecimento e descobrir, assim, o que ocasionou tal sentimento de dependência emocional além do normal.
Não está dentro dos padrões de normalidade afetiva uma pessoa só se sentir bem na presença de outra que ofereça total e irrestritas condições de afeto e suporte emocional.
A sensação de plenitude e felicidade deve vir de si próprio, e não do outro.
Se for dada para outra pessoa a obrigação de cuidados em relação a você, ela cansa. Uma hora tudo isso vai sufocar e o parceiro não suporta.
É uma obrigação muito grande ser o responsável pela felicidade e o bem estar de outra em tempo integral.
Há vazios interiores que necessitam ser preenchidos mas, primeiramente, precisa-se saber que vazio é esse. De onde ele vem.
O que se vê, em muitos casos, é a dificuldade em se chegar a essa conclusão e mais difícil ainda é aceitar que, em muitos deles, a ajuda profissional é essencial.
Um psicólogo ou psicanalista é a pessoa ideal para essa demanda.
Eles, através da escuta atenta e com a técnica própria, serão capazes de compreender o que realmente quer dizer essa carência de afetos e, partir de então, traçar uma forma de trabalhar esse padrão de pensamento e comportamento, para que ele deixe de causar prejuízo emocional e leve o paciente a ter uma vida mais tranquila, seja mais seguro de si e produtivo.
Siga-me nas Redes Sociais: Instagram e Youtube.
Agende seu atendimento on-line clicando aqui.