Carência Afetiva Infantil: como cuidar da saúde mental das crianças?

Autora

Giorgia Matos

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Você sabia que as crianças desde muito cedo conseguem sentir se são queridas e amadas? E dependendo do aporte de cuidados físicos e emocionais elas podem se tornar pessoas carentes, dependentes e com baixa autoestima.

E não é só isso. A lista de doenças psicossomáticas que acompanha aquela criança rejeitada e negligenciada ao longo da vida é assustadora.

Mães, pais e cuidadores diretos que não conseguem suprir as necessidades básicas da criança com afeto, carinho, amor e dedicação estão deixando de ensinar a primeira linguagem da vida – a linguagem do afeto.

A carência afetiva infantil está entre uma das causas principais da maioria dos transtornos mentais que acometem um adulto. E muita gente não sabe disso, principalmente os pais.

Carência Afetiva

Abandono Afetivo, rejeição, negligência

Esse é um assunto tão importante que alguns autores se dedicaram ao longo de sua vida profissional a tratar deste tema, como é o caso de Donald Winnicott, um pediatra e psicanalista inglês que abordou em seu estudo e suas obras sobre os distúrbios psíquicos infantis, principalmente daquelas crianças evacuadas da guerra, que para fugirem dos horrores da segunda guerra mundial foram alocadas temporariamente nas famílias que moravam fora das zonas de perigo.

Outro autor importante foi John Bowlby, psicólogo, psiquiatra e psicanalista inglês que também se interessou pelo desenvolvimento dos laços afetivos infantis e tem um trabalho muito interessante sobre a Teoria do Apego.

Germaine Guess, também na época da segunda guerra mundial focou seu estudo em torno da síndrome do abandono.

E não fica por aí: Paul Bloom, Laura Gutman e, mais recentemente, um advogado brasileiro chamado Charles Bicca que escreveu um livro sobre a responsabilidade civil por abandono afetivo.

Isso mesmo, além da Constituição Federal, Direito Civil, Direito Penal e Estatuto da Criança e Adolescente se manifestarem em torno da obrigação dos pais de suprirem as crianças com os cuidados essenciais, já há jurisprudência no sentido de condenar os pais por danos morais decorrentes de abandono afetivo.

Apesar desse assunto ainda ser bastante polêmico, incitando várias discussões, o que se vê é um caminho que foi iniciado e que não terá volta.

Os danos decorrentes do abandono e consequente descumprimento do poder familiar são contínuos, e provavelmente seguirão a vítima pelo resto de sua vida”. (Charles Bicca)

A Síndrome do Abandono

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A principal linguagem da criança é o afeto. É a primeira linguagem. Ela nasce se comunicando afetivamente, ou seja, é a forma que o bebê entende de comunicar suas necessidades.

Dessa forma, o abandono afetivo, que resulta na carência afetiva infantil é um tema muito preocupante no que se refere a saúde mental de uma criança.

Os cuidados necessários básicos, como o carinho, amor, dedicação, afago, atenção, entre outros, são indispensáveis para o normal desenvolvimento da estrutura psíquica infantil.

E no Brasil, atualmente, dispomos de pouco material a respeito que trate especificamente do abandono, da carência e de suas consequências. Não temos programas de divulgação a respeito do tema.

O que temos, e de forma incipiente, pois só começou em 2014, é um programa de divulgação da conscientização em saúde mental – o chamado Janeiro Branco – que trata de expandir a informação em torno da importância em se falar sobre o lado psíquico, o bem estar mental.

Entretanto, no que se refere aos cuidados básicos infantis (não só cuidados físicos, mas emocionais) não se vê muito trabalho a respeito apesar da extrema importância, pois a consequência do adoecimento psíquico é gritante.

Como cuidar da saúde mental das crianças?” ainda é uma pergunta muda, que não é dada muita importância. Geralmente os pais procuram ajuda profissional quando um sintoma já está instalado e a criança ou o adolescente apresenta algum prejuízo emocional e até mesmo físico.

Sem esquecer que todas essas dores primárias de negligência, rejeição e abandono acompanham a vítima para o resto da vida, causando todo tipo de doença psicossomática.

O ciúme patológico, por exemplo, é um dos sintomas em que uma possível causa foi a carência afetiva vivida na infância. Pois o carente cresce com sentimentos de baixa autoestima, complexo de inferioridade, pouca confiança nos outros, dependente emocionalmente e internalizando vários tipos de comportamentos desajustados.

A fibromialgia é uma doença silenciosa, que vai se instalando aos poucos no decorrer de sua vida. E ela é, também, uma forte candidata a ter suas causas ancoradas na carência de afetos na infância.

Afinal, o Que é Afeto?

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Muitos pensam que afeto é só dizer Eu Te Amo, acariciar, pegar e só. É também.

Mas não é só isso. Não é só dizer “eu te amo” o tempo todo.

É amamentar olhando para a criança, tocando e conversando com ela.

É esquecer a televisão, celular, tablet e qualquer pessoa que esteja ao lado.

Crianças, desde muito cedo, percebem micro expressões. Ela precisa saber que a mãe, ou o pai, ou os cuidadores diretos, estão ao seu lado inteiramente naquele momento.

Educar um filho emocionalmente não é só ir à maternidade, colocar o filho no mundo e fornecer alimentação saudável e roupas confortáveis.

Vai muito além disso.

A infância é uma época de formação, crescimento e desenvolvimento psíquico e tudo o que a criança presencia nessa época de sua vida vai deixar marcas para sempre.

Amor, carinho, compreensão, dedicação, cuidados com higiene são os pilares básicos para uma boa estruturação psicológica. É um fator importante e sua falta pode prejudicar a vida inteira da criança. O trauma vivido pelo desamparo é imenso e muita gente ainda é imatura em relação a isso.

Tem família em que a negligência, o abuso físico e o abuso mental está muito presente, é uma realidade na vida daquela criança e daquela família. Famílias totalmente desestruturadas criando e educando sem o mínimo preparo. E o pior, sem qualquer tipo de informação. Nem sabem elas o mal que estão causando aos seus filhos.

A família é a estrutura básica do ser humano, é a base sólida, o alicerce. É ali que se aprende sobre tudo que será enfrentado no decorrer da vida.

E os Pais Super protetores?

Acontece geralmente de os pais criarem seus filhos com uma educação super rígida, submetendo eles a castigos e maus tratos. É um equívoco achar que eles estão sendo bem educados dessa forma.

Claro que agir com total liberdade também não é o caminho. Tem que haver um equilíbrio, como tudo na vida.

Superproteger está igualmente errado, já que agindo dessa forma a criança vai se sentir dependente e incapaz, ou seja, abandonada.

Sim, abandonada. Porque da mesma forma que o excesso de rigidez, a superproteção causa insegurança.

Equilíbrio é a palavra chave.

Como Cuidar da Saúde Mental das Crianças?

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Primeiramente tem que haver a consciência do mal que o abandono afetivo causará na vida daquela criança futuramente.

A vida é muito atribulada, cheia de dificuldades, muito trabalho, metas para cumprir e contas para pagar. Mas no momento em que se resolve ter um filho tem que se ter em mente que muita coisa vai mudar e uma nova responsabilidade vai surgir.

E não se trata de uma responsabilidade qualquer. A vida de um ser em desenvolvimento é algo da maior importância e que merece um olhar atento, pois a obrigação de se criar bem um filho, além de essencial é uma obrigação.

Baixa autoestima, medo, timidez, fobias são só alguns dos problemas relacionados a essa problemática.

Uma pessoa que nasce em um lar disfuncional apresenta extremos sentimentos de vazio e tem tendências a depressão mais frequentemente que uma criança com desenvolvimento mental normal.

Crianças e adolescentes retraídos, isolados, evasivos, com dificuldade de concentração, sentimento de inferioridade e mania de perseguição.

Inclusive elas podem ter tendências a marginalidade, desvios de conduta e ter caráter duvidoso.

Cada pessoa tem uma experiência infantil e vai reagir a ela conforme presenciou o afeto ou desafeto em sua vida.

Vocês já viram casos de pessoas que têm dificuldade em terminar relacionamentos?

Pois é, essas pessoas ficam extremamente apegadas a seus parceiros por dois motivos: Um é que ela necessita se sentir amada e querida, coisa que não teve antes e está experimentando agora. E outro é que eles têm muita dificuldade em aceitar o abandono. É como se estivessem vivenciando tudo de novo.

São muitas questões envolvidas nesse tema tão pouco explorado que é a carência afetiva infantil. Para obter mais informações a respeito indico o livro de minha autoria: Carência Afetiva Infantil, a síndrome do abandono vivida por crianças e adolescentes e as consequências para a vida adulta.

Esse livro é um sinal de ALERTA para pais, cuidadores, educadores e profissionais em saúde e todos os que se interessam na criação de pessoas com o mínimo de traumas possíveis. É, também, um ponto de apoio para os que sofreram e ainda sofrem as consequências da carência de afeto na infância.

É onde pessoas que se sentiram abandonadas e rejeitadas na infância e adolescência podem, aqui, tentar entender o que aconteceu, porque aconteceu, as consequências que trouxeram às suas vidas e como podem mudar o futuro depois de tantas decepções e frustrações.

A leitura de um livro que trate do tema carência afetiva serve como uma forma de abrir a mente para todas as questões relacionadas a essa problemática, mas se a vítima, o carente afetivo, está passando por dificuldades psíquicas (ou até mesmo físicas) que estão comprometendo a qualidade de vida, o ideal é procurar ajuda profissional para que possa receber uma atenção particular no intuito de restabelecer o prazer de viver e uma saúde plena.

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por

Giorgia Matos

16/07/2018

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  1. Algumas pessoas tem dificuldades de expressar seus sentimentos, dizer eu te amo é de graça, não tem contra indicação e faz um bem danado para a criança

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